As mãos de um escritor delineiam pela folha branca
Fazendo com que ganhe vida, construindo alicerces para um mundo paralelo aonde as vontades são concretizadas com o intuito de despertar imaginação. É a criatividade, é a mão, são os pensamentos que fazem de um escritor o que ele é, um deus da Criação!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Espaço em Branco

Me deito no chão, cruzo meus braços
Esperando te abraçar
Vejo as lágrimas caírem
Não é uma chuva, sou apenas eu me desmanchando
Sobre mim mesmo.
Há um espaço em branco entre nós.
Estou me perdendo.
Eu esperei que você pudesse me dizer qual é o nosso caminho,
Mas há um espaço nos dividindo, bem maior do que nossas intenções.
Te esperei dia e noite sem poder dizer que sempre te amei
E só nas madrugadas eu via você me deixar um bilhete na nossa árvore.
Mas todas estavam em branco
Será que me enganei?
Cruzo os braços e você não está lá.
Foi consequência ou desistência?
Só sei que há de longe um suspiro para mim, e o resto venderei ao mundo.
Existe, afinal, uma dignidade na morte, sim.
É de aprender que não é com os erros que se continua vivendo
É com a redenção.
Foi um pecado ter te perdido e por isso sou eu que acabei me perdendo
Bem mais profundo, por nós;
Por ter simplesmente deixado você ir
E, eu sei, na guerra só há bala, sangue e pó
É por isso que o espaço em branco nos dominou
E dos seus lábios não provei mais seu sabor
A bala que te acertou, no final, doeu mais em mim.
Porque havia escolhido apenas você
E eu sangrei em meio ao espaço em branco
Bem mais do que minhas veias tinham a dar;
Foi bem mais por nós,
Para que nosso amor não morresse em branco.




Alef Mendes Engler

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Destrui.(a).dor

Dilacere minha alma
Veja o quanto a escuridão preencheu-a
Do sublime cálice da perdição, eu provei
Imaculado pela morte, com seu veneno, superei
Vi-me nos campos Elísios como rei
Vivendo, não morrendo.
Valsando com a vida de mão dadas
E ceifando a vida alheia feito fios de linho.
Pois em mim há uma guerra interminável.
Apologética. É o mal contra o bem.
Há uma maldade em mim tão equiparável 
Que não se precisa de arma de fogo.
Não vivo repetindo com a mesma bala;
Sobre os meus pés só existe pó.
Hitler foi uma criancinha brincando de pega-pega.
Enquanto,
Eu posso ser a tirania vestida na hipocrisia da democracia.
O lobo que devora lobos.
Os mil sóis renegados a darem luz a terra.
O devorador de mundos, agasalhado na pele do Cordeiro
O mártir 
Que não se crucifica por bem dos outros.
Isso é uma guerra.
"Sil vous plait", eu os peço.
Eu preciso mascarar a sua maior destruição
Para dar o meu último "au revoir"
De gratidão, por entregar o mundo de bandeja
Na minha mão. 
  
Alef Mendes Engler

domingo, 29 de agosto de 2010

Solidão.

Se acha
Que já deu, eu compreendo
Sei que já se excedeu
Eu não vou chorar? Eu só sei,
Uma outra pessoa será bem mais capaz
De fazê-la feliz.
Se acha
Que não é preciso me explicar;
Entulhos de desavenças serão deixados para trás
Eu vou chorar; mas em breve estarei sorrindo
E você estará com outro alguém
Dormindo.
Pois eu sei que já se excedeu
Mesmo sabendo que a minha solidão é pior, mas fazê-la infeliz é bem pior.
Eu não vou culpá-la.
Se acha
Que vivirei me culpando, acertou.
A minha montanha russa só está despencando.
Não se preocupe, garota.
Se acha
Que não é preciso olhar, eu compreendo
Virar a cara, trocar de calçada, entrar em outro metrô
Não faz mal, eu já vou me acostumando.
Se acha que assim será melhor, não se preocupe garota
Se acha que perderá o trono no meu coração, se enganou
Pois ainda vou chorar, mas em breve estarei sorrindo
Farei de conta que ainda é cedo
Enquanto vejo a cicatriz sarar
Se acha que será por um longo tempo, acertou
Pois, se acha, que a solidão é pior, fazê-la infeliz é bem pior.




Alef Mendes Engler