Eu me feri,
Vi a bala me derrubar,
Sangrei, vi a bala me acertar
O ferro trincou;
Tentei provar que no fundo ainda sou
Feito de carne e osso
Eu ainda sou humano
Não uma lata ambulante
Cuspida pelo vento e arremessada ao lixão.
Veja, as lágrimas que escorrem de mim não são restos de chuva
Que me molham numa noite de domingo.
Não pense no que eu sou,
Pense no que eu me tornei
Por dentro.
Por dentro eu sou a mesma pessoa, apenas sei que agora
Fizemos as feridas, tentando cicatrizá-las com uma linha na mão e a agulha na outra
Mas, por mais que tentemos fechá-las, sempre levaremos as marcas.
Eu aprendi da maneira mais difícil a enxergar com meus próprios olhos e não com o seus.
Soletrei as vogais da traição.
Quantas mais terei de soletrar?
Poderia ter sido menos letras e mais paixão.
Vim e vir a bala derrubar o amor
Testemunhei sua morte em vão.
Andei, navegando, contra a corrente
Fingi uma vida inteira e mostrei pouco mais de uma vez
A verdade;
Talvez percebam que levo comigo a fragilidade
De um menino de 12 anos;
Será que devo chorar e correr para a mamãe...
Espere! Aonde ela está?
Meus olhos fingem não lacrimejar
Sou um homem de lata,
Mas onde deixei meu coração cair?
Será que o perdi na estrada dos tijolos dourados
Por fora eu sou de ferro, mas por dentro
Em meio as engrenagens, bate um coração
Um pouco enferrujado, um coração de lata, admito
Por isso não o encontrei de primeira
Eu me vi errando, perdido em meus medos.
Porém acho que ele ainda bate lentamente;
Isso não é pecado, pois ainda bate
Cheio de sentimentos
Só que não mais por você.
Alef Mendes Engler