As mãos de um escritor delineiam pela folha branca
Fazendo com que ganhe vida, construindo alicerces para um mundo paralelo aonde as vontades são concretizadas com o intuito de despertar imaginação. É a criatividade, é a mão, são os pensamentos que fazem de um escritor o que ele é, um deus da Criação!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Perecível

Costurei as nossas páginas viradas 
Ateando fogo nelas, eu vi seus dedos enxugarem as lágrimas 
Por ter quebrado a janela da minha alma.
Será que teremos um pouco mais de redenção?
Provavelmente os cacos que se consomem
Em minhas veias 
Já estejam endurecidos ao ponto de dizer não.
Eu rasguei suas fotos 
Pois não existe um recomeço, não para mim
Só existiu um começo e o meu fim.
Assinei na minha cabeça confusa, o óbito 
De que nosso amor se tornou perecível 
E no meu peito de vidro
Que atirou a primeira pedra?
Bem, é apenas uma curiosidade. Eu queria agradecer
Você esmagou minha possibilidade 
De ver meu coração se tornar pó bem diante dos meus olhos
Eu não sou mais de carne e osso.
Eu sou apenas o insensível 
Que se perdeu junto dessa paixão perecível.


Alef Mendes Engler

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Se eu falasse com Deus

Quisera eu, pensar
Que basta cruzar as mãos
Estendê-las a Deus
E ouvir uma resposta de que nossas pedições
Foram atendidas.
Se eu falasse com Deus
Eu não saberia se ele está ouvindo
Se eu gritasse, não ouviria uma resposta...
Só paira um silêncio fatal
E saberia que ele não estava em casa
Se eu falasse com Deus.


Escutei passos, na ladrilha da noite
Vi uma luz
E uma ofuscante auréola de um sol,
Se eu olhasse para Deus
Eu não distinguiria se era um farol de carro
Ou poderia imaginar que era apenas o amanhecer
Que despertou um pouco mais cedo;
E os passos de um vigia noturno
Um tanto gatuno.


Se eu tocasse em Deus, estaria tocando as mãos
De um outro rapaz;
Se eu tocasse em Deus
Eu não saberia se não são apenas
Meus dedos tocando as raízes de uma árvore qualquer
Se eu ouvisse Deus, talvez
Estaria ouvindo os seus fiéis,
Revertendo suas próprias palavras
Para os seus próprios fins,
Manipulando, usando-os, ó pecadores.
Quisera eu tocá-lo, amá-lo e beijá-lo
Mas eu não posso,porque
Isso é mais uma ilusão da humanidade.
E eu estaria me ludibriando com a sede
De uma "verdade" manipulável, mais uma vez.
Alef Mendes Engler



Coração de Lata

Eu me feri,
Vi a bala me derrubar,
Sangrei, vi a bala me acertar
O ferro trincou;
Tentei provar que no fundo ainda sou 
Feito de carne e osso
Eu ainda sou humano
Não uma lata ambulante
Cuspida pelo vento e arremessada ao lixão.

Veja, as lágrimas que escorrem de mim não são restos de chuva 
Que me molham numa noite de domingo.
Não pense no que eu sou,
Pense no que eu me tornei 
Por dentro.
Por dentro eu sou a mesma pessoa, apenas sei que agora 
Fizemos as feridas, tentando cicatrizá-las com uma linha na mão e a agulha na outra
Mas, por mais que tentemos fechá-las, sempre levaremos as marcas.


Eu aprendi da maneira mais difícil a enxergar com meus próprios olhos e não com o seus.
Soletrei as vogais da traição.
Quantas mais terei de soletrar?
Poderia ter sido menos letras e mais paixão.
Vim e vir a bala derrubar o amor
Testemunhei sua morte em vão.
Andei, navegando, contra a corrente 
Fingi uma vida inteira e mostrei pouco mais de uma vez 
A verdade;


Talvez percebam que levo comigo a fragilidade 
De um menino de 12 anos;
Será que devo chorar e correr para a mamãe...
Espere! Aonde ela está?
Meus olhos fingem não lacrimejar
Sou um homem de lata, 
Mas onde deixei meu coração cair?
Será que o perdi na estrada dos tijolos dourados
Por fora  eu sou de ferro, mas por dentro 
Em meio as engrenagens, bate um coração
Um pouco enferrujado, um coração de lata, admito
Por isso não o encontrei de primeira 
Eu me vi errando, perdido em meus medos.
Porém acho que ele ainda bate lentamente;
Isso não é pecado, pois ainda bate
Cheio de sentimentos
Só que não mais por você.


Alef Mendes Engler


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Palavras Pequenas

Palavras pequenas, foi com o que te deixei
Com uma rosa na porta e um coração palpitante no chão
Sempre mais do que um simples
"Eu te amo"
Você buscou;
Mas era cedo;
Se alienou, fingiu ter amor
Por alguém que só buscou calor.
Ele sentiu palavras pequenas caírem no mar
Sussurrando em seus ouvidos
Apenas a brisa e o sal,
Enquanto lágrimas caíam
E dos seus lábios, perdiam-se o sabor.
Ele não compreendia, existia recíproca para seu amor;
Mas eu lutava para não perder você.
Mergulhando tudo em rancor,
Do gelo que fiz do meu sangue
Você, infelizmente, provou
E do abandono, imaginado está salvando você de mim
Sua alma fraquejou.
Eu não queria fugir de você.
E nesses outros braços, nesse outro alguém
Ele não descobriu aquilo que tanto afagava
Sua alma
As palavras pequenas
Você descobriu tarde, os seus significados,
Que no fundo eram uma eterna magia
Muito mais que uma união divina
Com um ciclo de vidas
Que você sempre será meu
Desde o momento que eu disse te amar.






Alef Mendes Engler

domingo, 8 de agosto de 2010

Sem Limite

Te entreguei o céu negro
Para que seus cachos de ouro 
Preenchessem com seu brilho
A linha da minha solidão.
Dos seus olhos, lapidei diamantes 
Com a nítida certeza
Que clarearia meu escurecer 
Sem evadir a cegueira
Que o amor trouxe para mim.
Te vejo pela manhã
Te enamoro noite e dia, minha dádiva 
Mas, por dia você me ofusca e por noite 
Todos me contemplam 
Menos seus olhos, que me fascinam
Tentei de abraçar, mas o céu não permite 
Ele é o nosso limite 
Tentei te abraçar
Rebelei-me contra os titãs do mundo 
Desfiz as correntezas do mar
Para que todas as ondas pudessem te tocar
Somente teus pés e você me sorrir
Então, em um eclipse, você chegou
E, por um instante, você me abraçou
Fez derreter o gelo do meu coração
Te entreguei os meteoros como chuva de prata
Você me presenteou com um alfabeto de estrelas
Dos sons das letras
Aprendi a dizer que te amo 
E você conseguiu perceber 
Que não eram somente palavras vazias
Mas uma colisão de sentimentos 
Que durariam como a sua vida: 
A vida de uma estrela.
Que me ilumina, sem limite 
Hoje, Amanhã e Sempre.


Alef Engler