Pede água, come caroço, mas cadê o feijão?
É farinha, água e pão...
Se é que o trigo nasce
Com essa segura, não brota nada
Nas rachaduras desse chão.
A mãe do sertão
Chora por fome, rala por uma vida que a consome
Sofre na miséria, mas não perde a esperança
De salvação.
É o pai que some, perde seu nome
Diz ser outro alguém em uma metrópole
Massacrada pela ideia de libertação
O filho do sertão
Chora por um pai que nem sabe
Se ainda é só seu, ou já outros
Já o têm como seu novo papai;
Ficando em desolação
A menina cresce em desordem
Em desnutrição
Com a mãe interpretando o lugar do pai
Chorosa, o filho deita-lhe a palma da mão
Sobre sua face, dando-lhe o único significado
Da palavra 'poder' que lhe é capaz:
A consolação
Alef Mendes Engler